GRAVIDES
DE ALTO RISCO OBSTETRA
Considera-se que a gravidez é de alto risco quando
existe, por vários motivos, uma probabilidade mais elevada do que o habitual de
se produzirem complicações na gravidez ou de o próprio feto poder ser afectado
por alterações ou malformações congénitas. Nestes casos, pode-se solicitar uma
série de exames mais ou menos específicos que constituem o designado
diagnóstico pré-natal, cuja finalidade é, precisamente, confirmar ou infirmar
de forma precoce a existência destes problemas. Em seguida, iremos mencionar
algumas das circunstâncias mais importantes que determinam uma gravidez
classificada de alto risco.
Idade materna superior a 35 anos. A realização de vários
estudos comprovou que existe uma relação proporcional entre a idade da mãe e a
probabilidade de o feto ser afectado por alguma anomalia cromossómica, ou seja,
uma anomalia nos elementos pertencentes à sua constituição genética. Estas
anomalias podem, por sua vez, provocar uma série de problemas e malformações no
feto e no futuro bebé.
A anomalia cromossómica mais conhecida é a síndrome de
Down, que afecta, segundo dados estatísticos, 1 em cada 600 recém-nascidos,
cuja incidência está intimamente relacionada com a idade da mãe, já que a sua
frequência é de 1 em cada 250 recém-nascidos quando as mães têm entre os 35 e
os 40 anos de idade, afectando 1 em cada 50 nascimentos quando a idade materna
ultrapassa os 40 anos.
Idade paterna superior aos 50 anos. Embora os estudos
estatísticos indiquem que a idade paterna tem menos influência numa possível
alteração ou malformação do feto, sugerem que a probabilidade aumenta quando o
pai tem mais de 50 anos e, sobretudo, quando ultrapassa os 55 anos.
Antecedentes de anomalias genéticas. Quando um ou os dois
membros do casal são portadores de uma anomalia genética ou conceberam um filho
com uma doença de transmissão hereditária, a gravidez é igualmente classificada
de alto risco. A gravidade destes antecedentes varia segundo o tipo de
problema. Em alguns casos, como acontece com a fibrose quística, a
fenilcetonúria e a talassemia, o problema apenas se manifesta quando os dois
pais são portadores da anomalia genética que o provoca, mesmo que nenhum dos
dois seja afectado, algo que é muito comum. Todavia, noutros casos, basta que
um dos dois pais seja portador da anomalia genética, independentemente de ser
ou não afectado pela anomalia genética, para que a gravidez seja considerada de
alto risco, como por exemplo, em caso de coreia de Huntington e osteogénese
imperfeita. Deve-se igualmente fazer referência à especificidade da hemofilia e
de outras doenças provocadas por anomalias no cromossoma sexual X, pois
costumem ser portadoras destas anomalias genéticas, o problema afecta quase
exclusivamente os filhos do sexo masculino.
É considerada de alto risco toda gravidez que envolve
sérios riscos de morte e doença tanto para a mãe quanto para o bebê. Durante o
pré-natal o médico avalia as condições da gestação e identifica se há os
chamados fatores de risco, que colocam em perigo a vida da mãe e do bebê.
A gestação de alto risco precisa ser acompanhada de perto
por profissionais da saúde as visitas ao médico devem acontecer com mais
frequência. Em alguns casos o médico recomenda à gestante o acompanhamento de
outros profissionais em hospitais especializados.
Conheça alguns fatores que podem contribuir para uma
gestação de risco e na dúvida, converse com seu médico:
·
Grávidas com menos de 17 anos
·
Grávidas com mais de 35 anos
·
Profissão ou ocupação – dependendo do stress,
do esforço físico, carga horária, rotatividade de horário, exposição a agentes
físicos, químicos e biológicos nocivos;
·
Situação conjugal insegura;
·
Baixa escolaridade;
·
Condições ambientais desfavoráveis;
·
Mulheres com uma altura menor que 1,45 m;
·
Mulheres com menos de 45 kg ou mais que 75
kg;
·
Recém nascido pré-termo, mal formado ou com
atrasos no crescimento, em gravidez anterior;
·
Intervalo entre partos menor que 2 anos;
·
Síndrome hemorrágica ou hipertensiva, em
gestação anterior;
·
Cirurgia uterina anterior;
·
Dependência de drogas lícitas e/ou ilícitas;
·
Morte perinatal anterior;
·
Abortos espontâneos repetidos;
·
Esterilidade / Infertilidade;
·
Desvio do crescimento uterino, grande
número de fetos e alterações no volume de líquido amniótico;
·
Trabalho de parto prematuro;
·
Gravidez prolongada;
·
Pré-eclâmpsia e eclâmpsia;
·
Diabetes gestacional;
·
Rutura prematura de bolsa;
·
Hemorragias da gestação;
·
Isoimunização;
·
Óbito fetal;
·
Hipertensão arterial;
·
Cardiopatias;
·
Pneumopatias;
·
Nefropatias;
·
Endocrinopatias;
·
Hemopatias;
·
Epilepsia;
·
Doenças infecciosas;
·
Ganho de peso inadequado;
·
Doenças ginecológicas.
A gravidez é
um dos momentos mais importantes na vida de uma mulher. Em geral, a espera de
um filho implica em mudanças corporais e psicológicas naturais na mãe e alguns
fatores podem implicar em riscos
para a sua saúde e para o bebê.
É considerada uma gravidez de alto risco quando existem
fatores médicos, ginecológicos ou sociais que aumentem as possibilidades de
mortalidade durante a gestação e o parto.
CAUSAS
DE UMA GRAVIDEZ DE ALTO RISCO
·
As causas que provocam uma gravidez de alto
risco são muito variáveis e podem acontecer antes da concepção ou durante o
período de gestação. Em geral, 10% das gravidezes são consideradas de alto
risco.
·
Segundo o Dr. Víctor M. Meneses do Colégio
Mexicano de Ginecologia e Obstetrícia, as causas vão desde as anomalias
congênitas e os problemas sociais e até a idade da mãe. Em geral, as dez causas
mais comuns desse tipo de gravidez são:
·
Anemia
·
Hepatite
·
Diabetes pré-gestacional e gestacional
·
Obesidade mórbida
·
Idade materna inferior a 18 e superior aos 40
anos
·
Gravidez de múltiplos
DIAGNÓSTICO
DE UMA GRAVIDEZ DE ALTO RISCO
·
As gravidezes que implicam um grave risco
para a saúde da mãe e do bebê podem ser detectadas de duas maneiras. Em
primeiro lugar, quando a gestante fizer seu primeiro pré-natal, o ginecologista
pedirá exames médicos e perguntas para descobrir se existe um alto risco na
gravidez.
·
Em segundo lugar, uma gestação de alto risco
pode ser diagnosticada se aparece um problema médico como hemorragias, dores
anômalas, hipertensão ou diabete gestacional. Será muito importante também para
o diagnóstico, o histórico médico da mãe e seus antecedentes.
·
Segundo o Dr. Meneses, entre os exames comuns
de detecção de uma gravidez de alto risco estão os exames de sangue, ecografias,
níveis de glicose, exame de urina e ultrassom.
O Centro de Alto Risco Obstétrico da Maternidade do
Hospital da Luz Lisboa é constituído por uma equipa multidisciplinar preparada
para acompanhar grávidas com diabetes, hipertensão, doença cardíaca, doença
autoimune ou trombofilia (ver Equipa, Contactos e Referenciação).
Algumas grávidas apresentam fatores de risco desde o
início da gravidez, como por exemplo doença crónica (hipertensão arterial,
diabetes, doença cardíaca, epilepsia, doenças da tiroide, entre outras), parto
pré-termo anterior ou história de gravidez sem sucesso (morte fetal ou
restrições graves no crescimento fetal). Estas são desde o início grávidas de
alto risco. Noutros casos, numa gravidez normal ocorrem situações que a podem
transformar numa gravidez de risco (por exemplo, hipertensão gestacional,
diabetes gestacional, colestase da gravidez, alterações do crescimento fetal
e/ou do líquido amniótico).
As grávidas de "alto risco", dependendo das
especificidades dos seus problemas, podem necessitar de consultas de
obstetrícia mais frequentes e devem ser seguidas por equipas vocacionadas para
a abordagem dos fatores de risco presentes.
No Centro de Alto Risco Obstétrico do Hospital da Luz
Lisboa estão envolvidos profissionais das seguintes áreas ou
especialidades:
·
Obstetrícia
·
Diagnóstico Pré-Natal
·
Neonatologia
·
Anestesiologia
·
Medicina Interna - Consulta de Patologia
Médica da Gravidez
·
Endocrinologia
·
Cardiologia
·
Cuidados Intensivos
·
Dietética e Nutrição
PROCEDIMENTOS
MAIS SIMPLES
Como foi mencionado nos capítulos anteriores, as análises
à urina e ao sangue materno realizadas regularmente na vigilância da gravidez
permitem a detecção de uma série de substâncias cuja presença ou concentração
anómalas indicam a existência de vários tipos de problemas no feto. Em caso de
gravidez de alto risco, estas variáveis são, como é óbvio, estudadas de forma
mais extensa e aprofundada, contrastando com os dados fornecidos por outros
testes complementares. Embora a lista destas substâncias seja muito extensa,
algumas das mais importantes são a alfa-fetoproteína, cuja concentração no
sangue materno é anormalmente elevada, caso o bebé seja afectado por espinha
bífida, anencefalia (ausência de encéfalo) e outras anomalias fetais, ou pelo
contrário muito reduzida, em caso de síndrome de Down, e o ácido fenilpirúvico,
cuja presença na urina da mãe sugere que o feto se encontra afectado por
fenilcetonúria, um problema metabólico hereditário.
Algo semelhante ocorre com a ecografia, pois em caso de
gravidez de alto risco costuma-se recorrer à utilização de aparelhos mais
sofisticados que permitem controlar o desenvolvimento fetal com grande precisão
e detectar com maior fiabilidade a eventual presença de malformações, como uma
anencefalia, hidrocefalia (dilatação e acumulação de líquido nas cavidades
cerebrais) e hidronefrose (distensão e acumulação de urina nos cálices e
bacinetes). Para além disso, caso se suspeite da existência de uma malformação
cardíaca, solicita-se uma ecocardiografia, um tipo de ecografia em que se
elabora um gráfico a partir das ondas ultra-sónicas reflectidas desde o coração
do feto, de modo a ilustrar a posição e os limites da silhueta cardíaca e das
válvulas do coração.
AMNIOCENTESE
PRECOCE
Como foi referido em capítulos anteriores, a amniocentese
consiste na obtenção e análise de uma amostra de líquido amniótico através de
uma punção na parede abdominal da mãe guiada por uma ecografia e sob a prévia
administração de anestesia local. Em caso de gravidez de alto risco, este exame
costuma ser solicitado prematuramente, regra geral, entre a 14a e 16a semanas
da gravidez, já que assim haverá uma margem de tempo suficiente para se optar
pela solução mais oportuna.
Dado que o líquido amniótico é constituído por restos da
urina eliminada pelo embrião e também por células descamadas da superfície da
pele, a amniocentese proporciona a realização de dois tipos de análise muito
importantes no diagnóstico pré-natal: a bioquímica, ou seja, a análise das
substâncias eliminadas com a urina e outras secreções, e o estudo cromossómico,
realizado a partir das células descamadas. A primeira possibilita o diagnóstico
pré-natal de vários problemas metabólicos congénitos, como por exemplo a
síndrome adrenogenital. Por outro lado, o estudo cromossómico das células do
feto, cuja cultura costuma durar entre uma ou quatro semanas, permite o
diagnóstico de várias doenças provocadas por alterações genéticas ou
cromossómicas conhecidas e detectáveis, como por exemplo a síndrome de Down.
Na gravidez de alto risco é importante seguir as
recomendações e orientações do obstetra, como repouso, alimentação equilibrada
ou a ingestão de remédios para que a gestação decorra sem complicações para a
mãe e para o bebê. Veja todas as causas que podem
levar a uma gravidez de risco.
Desta forma, alguns cuidados que a gestante de alto risco
deve ter durante a gravidez incluem:
·
Visitar o obstetra regularmente: as
grávidas de alto risco, geralmente, têm mais consultas pré-natais para o
obstetra poder acompanhar o desenvolvimento da gravidez, identificar
precocemente problemas e instituir o tratamento adequado o mais cedo possível,
de forma a manter a saúde da mãe e do bebê. Por isso, é importante a gestante
não faltar as consultas e seguir todas as recomendações propostas pelo
obstetra;
·
Fazer uma alimentação saudável: a
alimentação deve ser rica em frutas, vegetais, cereais integrais, peixe, carnes
brancas, como frango e peru, e sementes, como gergelim ou sementes de girassol.
Por outro lado, a gestante deve evitar frituras, doces, embutidos,
refrigerantes, café ou alimentos com adoçantes artificias, como os
refrigerantes light. Saiba mais em: Alimentação
na gravidez;
·
Não consumir bebidas alcoólicas: o
álcool também aumenta o risco de malformações no bebê, parto prematuro e
aborto. Saiba mais em: Álcool na gravidez;
·
Cumprir o repouso: é muito importante a
grávida cumprir com o repouso, assim que o obstetra indicar, pois o repouso, na
maioria dos casos, é fundamental para evitar que alguma doença que a grávida
tenha piore ou até mesmo para prevenir o internamento ou o aparecimento de
futuros problemas;
·
Controlar o peso: a grávida de alto
risco não deve engordar mais do que o recomendado pelo obstetra, pois o excesso
de peso aumenta o risco de complicações na mãe, como hipertensão e diabetes e
malformações no bebê, como defeitos cardíacos. Veja quantos quilos pode
engordar em: Quantos
quilos posso engordar na gravidez;
·
Tomar os remédios prescritos pelo
obstetra: a gestante deve tomar sempre os remédios prescritos pelo
obstetra no horário certo para controlar o seu problema de saúde;
·
Não fumar e evitar frequentar locais com
fumaça do cigarro: o cigarro aumenta o risco de aborto, parto prematuro e
malformações no bebê, além de aumentar o risco de complicações, como trombose.
Saiba mais em: Sete
razões para não fumar na gravidez.
Além destes cuidados, é também importante que a grávida
de alto risco saiba identificar os sinais de trabalho de parto prematuro, como
a presença de corrimento gelatinoso, que pode ou não conter vestígios de
sangue, pois o risco de entrar em trabalho de parto antes do tempo é maior
nestes casos.
O
ACONSELHAMENTO GENÉTICO
O conceito "aconselhamento genético" compreende
uma série de estudos e cálculos efectuados para se detectar uma eventual
anomalia genética ou cromossómica nos membros de um casal e determinar a
probabilidade de a dita anomalia se transmitir aos filhos. A sua realização não
é feita sistematicamente, já que apenas é efectuada nos casais em que exista a
suspeita da presença de factores potencialmente causadores de uma gravidez de
alto risco: idade materna ou paterna avançada, consanguinidade dos membros do
casal (sobretudo se existem antecedentes de problemas hereditários), suspeita
ou comprovação de filhos anteriores ou antecedentes familiares de doenças
hereditárias, filhos anteriores com alguma malformação congénita, antecedentes
de abortos espontâneos repetidos e antecedentes de exposição a agentes
teratógenos durante a gravidez, sobretudo durante os primeiros meses.
Embora se deva solicitar um aconselhamento genético antes
que o casal decida conceber um filho, na prática, o estudo apenas costuma ser
realizado quando a gravidez já se iniciou, altura em que pode ser complementado
com as técnicas de diagnóstico pré-natal necessárias para cada caso específico.
A realização do aconselhamento genético baseia-se,
sobretudo, nos factores de risco apresentados pelo casal e, se possível, em
identificar e determinar se o problema em questão pode, de facto, ser
transmitido de forma hereditária. Após se obter esta informação, deve-se
elaborar uma árvore genealógica, na qual se deve relacionar os familiares dos
membros do casal com o problema em questão. Em seguida, deve-se efectuar os
estudos cromossómicos, ou seja, vários procedimentos utilizados para determinar
as características dos cromossomas dos membros do casal. Por último, caso seja
necessário, deve-se solicitar outros exames auxiliares, como análises ao sangue
e à urina, que possam fornecer alguns dados específicos.
Após a obtenção desta informação, o médico pode confirmar
se os membros do casal apresentam alguma alteração cromossómica, se esta pode
ser hereditariamente transmissível e quais são, em definitivo, as
probabilidades de a transmissão hereditária ocorrer de facto. Caso a gravidez
já se tenha iniciado, estes dados podem ser complementados com os fornecidos
pelas técnicas de diagnóstico pré-natal, pois oferecem um diagnóstico exacto
sobre o assunto.
Apesar de o nome assim o sugerir, o aconselhamento
genético não deve dar um conselho no sentido estrito da palavra, pois devem ser
os membros do casal quem, com a informação obtida, deverá decidir se desejam
conceber um filho ou, caso a gravidez já se tenha iniciado, se preferem
continuar a mesma ou optar por uma interrupção terapêutica
CONCLUSÃO
Chegamos a conclusão de que considera-se que a gravidez
é de alto risco quando existe, por vários motivos, uma probabilidade mais
elevada do que o habitual de se produzirem complicações na gravidez ou de o
próprio feto poder ser afectado por alterações ou malformações congénitas. Nestes
casos, pode-se solicitar uma série de exames mais ou menos específicos que
constituem o designado diagnóstico pré-natal, cuja finalidade é, precisamente,
confirmar ou infirmar de forma precoce a existência destes problemas.
BIBLIOGRAFIA
__________Gravides de alto risco obstetra recuperado em
28 de Fevereiro de 2017
Maldonado MT. Psicologia da gravidez: parto e puerpério.
14.ed. São Paulo: Saraiva; 1997.
Brasil. Ministério da Saúde. Secrfetaria de Politicas de
Saúde. Promoção da saúde: saúde da mulher brasileira. Ver Promoção da saúde.
2002; 6:53-6
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