quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Mandume, rei dos kwanhamas

Índice


 
















Introdução

Neste trabalho abordaremos sobre Mandume que foi escolarizado por missionários protestantes alemães, naquilo que na altura era o Sudoeste Africano Alemão, a Namíbia de hoje, território ao qual ficou integrado boa parte do reino cuanhama e da sua população. Chegou ao poder em 1911 e seu reinado durou até 1917, coincidindo portanto com o período em que o poder colonial português se concentrou na ocupação efectiva, pela força, do território de Angola, conforme exigido pelo Princípio da Ocupação Efectiva da Conferência de Berlim.




















Mandume, rei dos kwanhamas

No sul de Angola há um marco de resistência. Em Ohiole, Cunene, a terra abraça o corpo de um dos mais conhecidos e temíveis pesadelos das forças coloniais europeias. Mandume-ya-Ndemufayo foi o último rei dos Kwanhamas e um dos símbolos máximos da luta angolana contra a invasão estrangeira.
Ao contrário do que muitos pensam, os portugueses não ocuparam durante séculos e séculos o que hoje corresponde ao território angolano. Até ao século XIX, a colonização expandia-se, sobretudo, pelo litoral. O interior, imortalizado anos mais tarde como a “Angola profunda”, foi sendo conquistado pouco a pouco em guerras com os reinos locais, muitas vezes já entrado o século XX. A provar que a velha historiazinha foi mais propaganda colonialista que outra coisa, está a conhecida saga de Mandume, o grande rei Kwanhama.
No final do século XIX e princípio do século XX, os portugueses e alemães disputavam o sul de Angola. Aproveitando essa rivalidade, Mandume, rei dos Kwanhamas, conseguiu comprar armas aos alemães.
Temendo que os alemães ocupassem o território, os portugueses atacaram Njiva de surpresa, antes que a defesa estivesse totalmente preparada. Mandume teve de fugir. Começou então a percorrer o território Ambó, tentando unir todas as tribos para a luta.
Os Ambó, grandes guerrilheiros, muito bem organizados e comandados por um chefe corajoso, venceram os portugueses numa série de batalhas. Os portugueses tiveram de mandar vir reforços e conseguiram dividir os Kwanhamas. Com isso, conseguiram vencer as batalhas de Mongua e Mofilo. Preferindo a morte a não viver sobre o domínio colonial, Mandume suicidou-se em 1917. Mandume ainda hoje é querido e venerado pelo seu povo.
Estávamos em 1911 e o jovem que uma famosa foto (contestada por muitos historiadores) mostra como alto e maciço, assume os destinos do reino Kwanhama, o mais forte e poderoso dos reinos Ambós (sul de Angola e norte da Namíbia). Nascido em 1884, Mandume estava destinado a ser um herói trágico. Na primeira parte do seu reinado (1911 – 1915), dedicou-se a revolucionar as regras que regiam a vida do seu povo. Mudou a capital dos Kwanhamas da Embala Grande para Ondjiva, e emitiu decretos reais inovadores. Um deles, anotam vários historiadores, permitiu às mulheres ser proprietárias de gado.
O momento, no entanto, era tenso. Cobiçados tanto por portugueses como por alemães, os territórios na margem do Cunene eram barril de pólvora a ponto de explodir. Instados pelos apetites estrangeiros e alianças secretas entre invasores e povos da região, batalhas e mais batalhas punham o território a ferro e fogo. O advento da Primeira Guerra Mundial, que opôs Portugal à Alemanha, então colonizadora do chamado Sudoeste Africano (actual Namíbia), não ajudou em nada a um cenário já por si complicado.
Ciente que a “hora agá” se aproximava a galope, Mandume formou alianças entre os Kwanhamas e os restantes povos Ambós – Kuamatuis, Evale, Dombala e Kafima – numa luta contra um inimigo comum. De arma na mão, o chamado “Cavaleiro Incomparável” lançou-se numa luta de seis anos, impondo derrotas pesadas aos portugueses. Com o fim da Grande Guerra, Portugal lançou, entre 1915 e 1916, uma série de ofensivas que acabou por impor a sua ocupação dos territórios Ambós aquém Cunene. Para a História, ficou a tristemente célebre batalha de Môngua, a norte de Ondjiva, que impôs uma das derrotas mais pesadas às tropas de Mandume. Na região, são vários os lugares que ainda hoje lembram estas guerras, como a Fortaleza Roçada e o Monumento do Mufilo (Xangongo).
Com a guerra perdida, e abandonado por muitos dos seus anteriores aliados, a 6 de Fevereiro de 1917 Mandume morre na localidade de Ohiole, hoje município de Namacunde. As versões deste suspiro final variam, de acordo às conveniências. Sul-africanos e portugueses relataram, na época, que Mandume morreu em batalha, cravejado de balas; por seu lado, a tradição oral garante que, perante a derrota inevitável, Mandume preferiu suicidar-se a cair nas mãos dos inimigos. Já morto, o rei foi decapitado. A sua cabeça foi exibida em várias cidades da região. Ainda hoje autoridades namibianas exigem aos antigos colonizadores a restituição dos restos mortais de Mandume.
O mito perdurou até aos dias de hoje. Depois da Dipanda, a figura de Mandume foi recuperada como símbolo da resistência nacional, tanto de Angola como da Namíbia, que partilha connosco este personagem histórico.
Em 2002, reconhecendo o simbolismo do rei Kwanhama, abria portas o Complexo Memorial do Rei Mandume, no lugar onde o soberano perdeu a vida e foi enterrado (sem a cabeça!). A cerimónia foi presidida pelos presidentes angolano e namibiano. O lugar é simples, mas altamente representativo. Arcos verdes cruzam-se, protegendo o último leito do rei, que está rodeado de estacas de madeira, como numa embala da região. É lugar sagrado para os Kwanhamas, e ponto de visita obrigatório para quem quer conhecer melhor as histórias e lendas que formaram o nosso país.

No túmulo, uma citação de Mandume em forma de epitáfio diz muito do antigo rei: “Se os ingleses me procuram, estou aqui; e eles podem vir e montarm-me num ardi, não farei o primeiro disparo, mas eu não sou um cabrito nas mulolas, sou um homem (…) e lutarei até gastar a minha última bala”. E assim foi.

Mandume Ya Ndemufayo (1894 — Sul de Angola, 6 de Fevereiro de 1917) foi o último rei dos Cuanhamas, um povo pertencente ao grupo etnolonguístico dos ovambo (ou ambó) do sul de Angola e norte da Namíbia.
Mandume opôs aos portugueses uma resistência tenaz, enfrentando ao mesmo tempo o avanço dos ocupantes alemães que vinham do sul. Face à superioridade militar dos europeus, acabou vencido. Segundo a tradição oral angolana, Mandume, ao notar que já não tinha outra saída, preferiu suicidar-se ao ter que se render. O relato oficial Sul-africano afirma no entanto que Mandume foi morto a tiros por um destacamento das forças sul-africanas
Em 2002 foi inaugurado o Complexo Memorial do Rei Mandume no local onde o rei perdeu a vida e onde se encontra sepultado. Em 2009, a universidade pública constituída no Lubango, a partir de faculdades anteriormente pertencentes à Universidade Agostinho Neto, recebeu o nome "Universidade Mandume ya Ndemufayo".

Em Agosto de 1915, Mandume perde a batalha da Môngua e abandona Ondjiva, sede do reino. Incitado pelos ingleses, foge para Oihole na fronteira com a Namíbia, presta vassalagem à majestade britânica e constrói nova embala sob domínio inglês, já que só mais tarde Namacunde integrou território português.

Mandume desenvolve actividades nos domínios ocupados pelos portugueses; incitando as suas tropas à revolta. Um ano depois dirige fortes combates no Kwanhama, tentando reconquistar o reino perdido. As autoridades portuguesas pedem aos ingleses que ponham fim às actividades de Mandume.

A 30 de Outubro de 1946, aniquila as forcas portuguesas comandada pelo tenente general Raul de Andrade, e recusa-se a ir a Windhock, Namíbia conferenciar com os ingleses a quem teria dito "que venham ao Oihole se quiserem" e deixou um aviso: "se os ingleses me querem, podem vir apanhar-me. Não dispararei o primeiro tiro, mas não sou um touro do mato. Sou homem, não uma mulher, combaterei até ao último cartucho".

Mandume travou violentos combates entre as localidades de Namacunde e Oihole, mas os ingleses contornam a operação. Kalola, um subordinado, vigiava o norte. Uma força portuguesa entrou em acção. Pelo sul, em Ondangua os ingleses lutavam com pequenas forças de Mandume. O soba do Kwanhama, com 600 homens da sua guarda pessoal; enfrenta o último combate.

Cabeça do rei


Até ao momento desconhecer se o destino da cabeça do rei. Os portugueses dizem que encontraram o corpo decapitado. Hoje a embala do Oihole é um lugar histórico e condigno ao homem que foi senhor de um grande reino e que combateu com valentia contra o general português Pereira D 'Eça. Visitar o Oihole é conhecer a história do país, as inúmeras vicissitudes que o povo ambó viveu durante, as guerras de ocupação colonial, a resistência e determinação dos chefes tradicionais.
Em Oihole está presente o memorial do Rei Mandume Ya Ndemufayo, uma das figuras incontornáveis quando o assunto é a luta de resistência à ocupação colonial no território do Cunene. O monumento foi construído para homenagear a figurado soberano, o povo ambó e os anónimos que ofereceram uma grande resistência à ocupação colonial na região. Situado a 45 quilómetros da cidade de Ondjiva o memorial foi erguido na localidade onde o rei perdeu a batalha frente aos ingleses e portugueses.
Actualmente o complexo carece de, obras de melhoramento. Os trabalhos de reabilitação tão paralisados há um ano.
Segundo o director provincial da Cultura, Celestino Vicente, a paralisação das obras deveu-se a problemas financeiros. "O complexo do Oihole estava a receber algumas obras de melhoramento e ampliação, mas foram interrompidas e neste momento o Governo Provincial está a fazer tudo para recomeçar os trabalhos", salientou Celestino Vicente. A reabilitação prevê arranjos profundos na campa de Mandume o aumento da área residencial com mais quartos, à construção de uma biblioteca, um museu e uma piscina.








Congo: decadência do poder central, conflitos internos e afirmação dos poderes regionais

Efeitos Da Intervenção Portuguesa
O aparecimento de comerciantes, missionários e capitães portugueses no Congo, trouxe consequências várias, algumas das quais de graves efeitos imediatos.
Assim, ao estabelecerem-se as primeiras trocas entre os dois estados, as mesmas não resultaram vantajosas para ambos. Pelo contrário, enquanto o Congo recebia bens de prestígio, destinados apenas a um grupo restrito de congueses, os portugueses obtinham metais (cobre e ferro) ou escravos, cujo trabalho se destinava a produzir riqueza em S.Tomé e mais tarde no Brasil, em proveito dos colonos aí fixados.
Por outro lado, o estabelecimento e incremento do tráfico de escravos afectou não só a população do Congo, como as dos restantes tributários, que frequentes vezes eram assaltados por grupos armados que capturavam homens e mulheres jovens.
O resultado das actividades comerciais dos portugueses foi fazer surgir uma competição entre os chefes políticos do Congo e do novo estado do Ndongo, formado em meados do século XVI, como veremos mais adiante. Essa competição foi resultado da introdução pelos portugueses das regras mercantilistas, como a concorrência brutal e a procura do lucro por todos os meios.
Ao nível político, o poder real deteriorou-se devido ao controlo do comércio de longa distância e consequente autonomia por parte de alguns manis, especialmente o do Soyo. Quando em 1545 começou a governar Nkumbi Nzinga (D. Diogo 1) iniciou-se o período das contradições flagrantes entre congueses e portugueses.
O novo soberano mostrava que tolerava o Cristianismo, na medida em que este os projectos políticos, as suas ambições económicas, utilizando-o como
poder e não como meio de transformar estruturas sociais ou mentalidades.
Cristianismo na medida das vantagens obtidas junto portugueses.
Em 1549, a sua posição de reserva para com estes, levou os juristas a aconselharem as autoridades portuguesas a substituição do rei, obstáculo a todo o progresso de evangelização. Os problemas de sucessão do trono foram, pois, agudizados por interferências estrangeiras. Assim, por ocasião da eleição de um novo rei, os comerciantes e os padres intervinham frequentemente reforçando o partido do pretendente que maiores garantias lhes  ofereciam no futuro.
As relações entre as autoridades conguesa e portuguesa foram-se deteriorando, ao ponto de em 1555 o rei ter expulso quase todos os europeus do Congo. Com efeito, eles conspiravam já para a substituição do rei por outro que lhe fosse mais favorável e lhes permitisse todos os abusos.
Desde cedo, as relações entre o poder político do Congo e os missionários europeus se degradaram; quando o rei Nzinga Nkuwu se baptizou, os elementos hostis ao governo central simplesmente tradicionalista, criticaram-no pelo abandono dos costumes do país.
Em consequência disso, previram calamidades e desordens, vingança dos antepassados traídos. Os padres tinham provocado a destruição pelo fogo de objectos preciosos e dos casos de feitiço. O próprio rei, pouco a antes de ser baptizado, renunciou.
Para tal, deve ter contribuído ainda a posição dos missionários face à poligamia. Ora, o equilíbrio do reino dependia em grande parte de relações matrimoniais contraídas entre as grandes famílias de aristocratas.
No reinado de Afonso I desenvolveu-se a influência do Cristianismo ao nível da corte e através do ensino ministrado a jovens da aristocracia conguesa. Foram edífícadas várias igrejas.
Se o reino deste monarca foi o mais favorável à propagação do Cristianismo, convém ter a noção das proporções que atingiu a conversão: a acção dos missionários limitava-se a ministrar o baptismo, a pregar e a ouvir as confissões com a ajuda de intérpretes.
A difusão do Cristianismo dá-se entre alguns elementos do povo, da aristocracia e da família real, mas não chegou a ter repercussão na transformação de hábitos sociais desta  classe e muito menos no povo.
Na realidade, deve ter existido a convicção de que o baptismo e a prática do culto católico reforçariam o bem-estar e o poder contra as forças ad versá rias .

Além disso, os monarcas congueses fizeram a sua utilização política, visto que as relações com os portugueses passavam obrigatoriamente pela aceitação formal da religião católica pelos reis e pela liberdade de actuação dos missionários. Estes provocaram conflitos com a grande massa do povo que continuava a venerar os antepassados e a praticar os cultos tradicionais animistas. Quando foram impostas medidas para impedir esta prática,
assim como a poligamia, houve fortes reacções populares.


Os Yakas Suas origens e sua concepção de arte e religião


Os Yakas, pertencentes à nação Bakongo, distribuem-se ao longo da margem esquerda do rio Kuango, ocupando uma área dividida entre o território da atual República Democrática do Congo e a República de Angola. 
O nome Yaka, significando "o que apanha as balas e desvia as setas”, é o singular de Bayaka ou Mayaka, termos aportuguesados frequentemente para os plurais híbridos Baiacas ou Maiacas. 
Tudo indica que teriam se fixado às margens do Kuango na primeira metade do século XVII, originários, uns do Reino do Congo, descendendo de dissidentes de São Salvador após a ocupação portuguesa. Outros do Reino do Muata - Ianvo da Lunda.
Além dos famosos Imbangala ou Bângalas, frequentemente referidos na historiografia como Jagas, originários da Lunda, segundo alguns registros orais.
Conservaram a língua dos seus antepassados congueses, por isso estão incluídos no grupo Bakongo. Mantiveram e aperfeiçoaram o estilo dos Lundas, usado na estatuária e na confecção de máscaras, destinadas à celebração dos cultos religiosos. No mais apresentam muitos pontos em comum com os Lunda-Tchokwes.
Na confecção das estátuas e das máscaras Yaka, a criatividade do autor e o seu sentido estético é relevante. É o caso do Soosi, em que existe uma preocupação artística nas pinturas das penas de galinha que ornamentam as máscaras.
A confecção destes objetos pressupõe sempre uma ligação simbólica aos espíritos sagrados e ao poder mágico-religiosa com os antepassados.
Na tradição banta, arte e religião tendem a ser indissociáveis e esta premissa vale não só para as artes plásticas, mas também para a literatura (sempre de tradição oral), para a música, para a dança e, em geral, para todas as manifestações culturais tidas no ocidente por artísticas.

A invasão jaca «Yaka-Bayaka »

Desde a morte de Afonso I, o poder degradou-se devido às questões internas de sucessão. Por outro lado, os povos vizinhos do reino do Congo, tocados indirectamente pelo tráfico, desejavam tomar-se beneficiários directos desse mesmo tráfico.
No interior do reino, contudo, as trocas foram dificultadas e o sossego da sua população foi perturbado devido ao avanço violento de guerreiros até à capital.
Não se conhecendo exactamente a sua origem, põe-se a hipótese de serem originários da região do Catanga, de onde haviam imigrado por efeito da conquista da região pelos Lubas. Por volta de 1560, os Jacas penetram no Congo pela província de Mbata e atingiram rapidamente Mbanza Congo. Quando o rei tomou conhecimento, deixou a cidade e refugiou-se na ilha dos Cavalos no rio Zaire, com os principais do reino e o dero português que residia em Mbanza Congo. Dominando a situação, os Jacas massacraram um grande número de congueses, enquanto outros conseguiam refugiar-se nas montanhas.
A maioria dos que se refugiaram na ilha do Zaire morre de fome e de peste, alguns venderam os seus familiares a comerciantes de S.Tomé, que os exportaram. Muitos eram membros da família real.
O auxílio solicitado a Portugal em 1568, foi atendido com o envio de soldados bem treinados na guerra e outros aventureiros. Durante um ano e meio, foram desencadeadas acções contra os Jacas, até os seus grupos armados abandonarem o reino do Congo. Uns atravessaram o rio Cuango, outros dispersaram pelas regiões limítrofes dos reinos.
O rei D. Álvaro I, que subiu ao trono em 1568, encontrou um reino arruinado pela guerra e pilhado pelos comerciantes. Com o auxílio da força militar portuguesa, os Jacas tinham sido expulsos. Porém, na nova situação criada, o monarca conduziu uma política hesitante, concedendo facilidades aos traficantes que actuavam dentro das fronteiras do reino.
Assim, a invasão dos jacas veio reforçar a posição dos portugueses no Congo, contudo, a fuga de muitos comerciantes para a ilha de Luanda, na altura da invasão, criou novas condições para estes alargarem o seu campo de acção comercial e militar.
Em 1571, os portugueses tinham começado a desenvolver um novo plano de exploração comercial e de implantação militar a sul do reino do Congo. A partir de Luanda, esperavam obter, em maiores quantidades, o produto que mais lhes interessava: os escravos.





Conclusão

Em suma mandume foi um rei muito respeitado em todo mundo e decadência do reino explica-se por múltiplas causas: o escravismo, as lutas entre chefes, a guerra a que se entregaram a sul do reino os Portugueses e os Holandeses e sobretudo, desde 1648, o deslocamento do comércio internacional que se fixou em São Paulo de Luanda cujo porto oferecia aos navegadores excelente abrigo.
As motivações dessa decadência não impediram que, sob o impulso de Afonso, o Congo tivesse aberto suas fronteiras à cultura e à religião vindas da Europa, estabelecendo relações diplomáticas diretas com Portugal, Brasil, Países Baixos e Santa Sé aonde aquele monarca enviou, de 1504 a 1539, três embaixadas, provando, assim, a possibilidade de um Estado negro desempenhar um papel importante colaborando fraternalmente com o Ocidente.
Erros de governantes portugueses, lamentavelmente abalaram essa harmonia.
D. Afonso I faleceu entre 1540 e 1541. A sucessão assumiu logo aspectos de luta dinástica. Por fim, seu neto D. Diogo conseguiu ser reconhecido por todos. Desprovido da forte personalidade do seu avô, inclinava-se para a sua atávica educação. Não lhe agradava plenamente a civilização europeia. Não renunciou a esta, por nela haver passado grande parte da sua vida.














Bibliografia

Bengui Pedro – historia 10 classe. 2º ciclo do ensino secundário – reforma educativa.
Georges Balandier, La vie quotidienne au royaume de Kongo du XVIe au XVIIIe siècles, Paris: Hachette, 1965
António Custódio Gonçalves, A história revisitada do Kongo e de Angola, Lisboa: Estampa, 2005
Anne Hilton: The Kingdom of Kongo, Oxford: Oxford University Press, 1985, ISBN 0198227191
John K. Thornton: The Kingdom of Kongo: Civil War and Transition, 1641-1718, Madison: University of Wisconsin Press, 1983, ISBN 0299092909
John K. Thornton: The Kongolese Saint Anthony: Dona Beatriz Kimpa Vita and the Antonian Movement, 1684-1706, Cambridge: University of Cambridge Press, 1998,ISBN 0521596491
John K. Thornton: The origins and early history of the Kingdom of Kongo, c.1350-1550, International Journal of African Historical Studies 34: 89-120, 2001


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