quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Fatores que influenciam a fotossintética


Introdução

A fotossíntese é o processo através do qual os organismos autótrofos conseguem sintetizar alimento e matéria orgânica a partir de elementos inorgânicos. Os vegetais, por exemplo, utilizam a clorofila como substância precursora deste processo.
Entretanto, para que uma planta consiga realizar o processo de fotossíntese de forma adequada é necessário um conjunto de fatores diversos, internos ou externos. Como internos, podemos destacar, entre outros, a presença de nutrientes, a idade da folha, a quantidade de água presente; como fatores externos temos como exemplo, a luz, a disponibilidade água, a temperatura e etc.
Os principais fatores que influenciam no processo são: luz, concentração de gás carbônico e temperatura.
Por ser um processo que ocorre naturalmente, os mecanismos que comprovam a influência dos fatores citados acima foram baseados em estudos e testes feitos com a retirada e a colocação de determinado fator. Assim, se tivermos uma condição ideal de luminosidade e uma concentração adequada de gás carbônico, poderemos analisar os efeitos da variação da temperatura sobre o processo da fotossíntese.





Fatores que influenciam a fotossintética

Para que a fotossíntese seja realizada com sucesso, ela depende de alguns fatores importantes.
Estes fatores podem ser internos ou externos

Internos: quantidade de pigmentos, a composição das folhas, presença de nutrientes, a aglomeração de compostos fotossíntetizadores no cloroplasto, entre outros.

Externos: a intensidade da luz e da hidratação, temperatura, entre outros. 
Todos estes fatores agem de maneira independente um do outro, porém se um desses fatores não estiver contribuindo com a sua parte, ele estará reduzindo a intensidade da fotossíntese. 
Este princípio foi apresentado em 1995 por Blackmann, e foi chamado de “principio do fator limitante”.
O crescimento das plantas depende da actividade fotossintética. Esta é fortemente influenciada por vários factores ambientais. Num determinado habitat, a luz e a temperatura variam significativamente ao longo de um dia, por conseguinte, a fotossíntese ocorre a uma taxa abaixo do seu valor máximo durante parte do tempo.
Para reconhecer até que ponto os factores ambientais influenciam a taxa de fotossíntese, foi realizada uma experiência com plantas de sardinheira, em diferentes condições experimentais. Nos doze ensaios realizados, foram utilizadas lotes de plantas com o mesmo grau de desenvolvimento, submetidas a concentrações de dióxido de carbono e a temperaturas que variaram de acordo com a Tabela II. Nestes ambientes, as condições de humidade e de intensidade luminosa foram semelhantes e não limitantes
A intensidade com a qual uma célula executa a fotossíntese pode ser avaliada pela quantidade de oxigênio que ela libera para o ambiente, ou pela quantidade de CO2 que ela consome.
Quando se mede a taxa de fotossíntese de uma planta, percebe-se que essa taxa pode aumentar ou diminuir, em função de certos parâmetros. Esses parâmetros são conhecidos como fatores limitantes da fotossíntese. A fotossíntese tem alguns fatores limitantes, alguns intrínsecos e outros extrínsecos.

Fatores limitantes intrínsecos

Disponibilidade de pigmentos fotossintetizantes
Como a clorofila é a responsável principal pela captação da energia limunosa, a sua falta restringe a capacidade de captação da energia e a possibilidade de produzir matéria orgânica.

Disponibilidade de enzimas e de cofatores

Todas as reações fotossintéticas envolvem a participação de enzimas e de co-fatores, como os aceptores de elétrons e os citocromos. A sua quantidade deve ser ideal, para que a fotossíntese aconteça com a sua intensidade máxima.

Fatores limitantes extrínsecos

A concentração de CO2

O CO2 (gás carbônico ou dióxido de carbono) é o substrato empregado na etapa química como fonte do carbono que é incorporado em moléculas orgânicas. As plantas contam, naturalmente, com duas fontes principais de CO2: o gás proveniente da atmosfera, que penetra nas folhas através de pequenas aberturas chamadas estômatos, e o gás liberado na respiração celular. 
Sem o CO2, a intensidade da fotossíntese é nula. Aumentando-se a concentração de CO2 a intensidade do processo também se eleva. Entretanto, essa elevação não é constante e ilimitada. Quando todo o sistema enzimático envolvido na captação do carbono estiver saturado, novos aumentos na concentração de CO2 não serão acompanhados por elevação na taxa fotossintética.
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/figuras/bioquimica/limitantes_fotossintese.jpg

A Temperatura

Na etapa química, todas as reações são catalisadas por enzimas, e essas têm a sua atividade influenciada pela temperatura. 
De modo geral, a elevação de 10 °C na temperatura duplica a velocidade das reações químicas.
Entretanto, a partir de temperaturas próximas a 40 °C, começa a ocorrer desnaturação enzimática, e a velocidade das reações tende a diminuir.  Portanto, existe uma temperatura ótima na qual a atividade fotossintetizante é máxima, que não é a mesma para todos os vegetais.
Na etapa química, todas as reações são catalisadas por enzimas, e essas têm a sua atividade influenciada pela temperatura. 
Entretanto, a partir de temperaturas próximas a 40 °C, começa a ocorrer desnaturação enzimática, e a velocidade das reações tende a diminuir. 
Portanto, existe uma temperatura ótima na qual a atividade fotossintetizante é máxima, que não é a mesma para todos os vegetais
A assimilação da luz pelas clorofilas a e b, principalmente, e secundariamente pelos pigmentos acessórios, como os carotenóides, determina oespectro de ação da fotossíntese.

Para que uma planta verde execute a fotossíntese com boa intensidade, não se deve iluminá-la com luz verde, uma vez que essa luz é quase completamente refletida pelas folhas.
Quanto à temperatura, não podemos nos esquecer de que a ação das enzimas é fundamental para minimizar o gasto energético das reações que ocorrem em todos os organismos. Assim, caso a temperatura atinja níveis muito altos ou muito baixos, a atuação, não só das enzimas, mas de todas as proteínas cessará ou diminuirá, levando a graves consequências. Esse processo é conhecido como desnaturação.
Existe um nível de temperatura ideal para os organismos funcionarem corretamente e com as plantas não seria diferente. Temos, atualmente, que o limite de temperatura ideal para a realização do processo de fotossíntese seria aproximadamente 35ºC, visto que a partir desta temperatura a fluidez da membrana onde está presente a clorofila será alterada.
A quantidade natural de gás carbônico na atmosfera está entre 0,03 e 0,04%, ou seja, a quantidade é mínima. Assim, estudos comprovaram que ao se aumentar a concentração de gás carbônico, haveria uma resposta positiva em relação à produção de matéria orgânica, através da fotossíntese. Logo, temos estabelecido um limite máximo de 0,3% de gás carbônico como quantidade ideal para a realização do processo fotossintético, uma vez que acima desta concentração não haveria modificações positivas no processo.
Temos temperaturas amenas naturalmente, não ultrapassando o limite de 35ºC e, em relação à luminosidade solar, temos uma ótima oferta; o fator limitante ao processo natural de fotossíntese é a pouca quantidade de gás carbônico presente na atmosfera.

Intensidade luminosa

Quando uma planta é colocada em completa obscuridade, ela não realiza fotossíntese. Aumentando-se a intensidade luminosa, a taxa da fotossíntese também aumenta. Todavia, a partir de um certo ponto, novos aumentos na intensidade de iluminação não são acompanhados por elevação na taxa da fotossíntese. A intensidade luminosa deixa de ser um fator limitante da fotossíntese quando todos os sistemas de pigmentos já estiverem sendo excitados e a planta não tem como captar essa quantidade adicional de luz. Atingiu-se o ponto de saturação luminosa.
Aumentando-se ainda mais a intensidade de exposição à luz, chega-se a um ponto a partir do qual a atividade fotossintética passa a ser inibida. Trata-se do ponto de inibição da fotossíntese pelo excesso de luz
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/figuras/bioquimica/limitantes_fotossintese4.jpg
Em relação à luminosidade devemos nos lembrar que existem plantas que necessitam de muita luz, plantas de “Sol” e plantas que devem ser protegidas da luz solar, plantas de “sombra”. Desta forma, podemos perceber que as folhas também são diferentes de acordo com a característica da planta.

 

A Importância da Fotossíntese Para a Vida no Planeta

A palavra fotossíntese significa, literalmente, síntese (produção) pela luz. É através desse processo que a energia radiante do Sol é capturada e transformada em matéria orgânica, em especial, a glicose. 

Apenas alguns tipos de organismos vivos realizam fotossíntese: plantas, algas e algumas bactérias que possuem clorofila, o pigmento essencial para o desempenho do processo fotossintético. Esses organismos utilizam a energia solar para converter moléculas simples – CO2 (dióxido de carbono) e H2O (água) – em moléculas mais complexas, das quais toda a vida no planeta necessita. Além disso, durante o processo, os seres fotossintetizantes, liberam O2 (oxigênio) para o ar que respiramos. 

A fotossíntese é, sem dúvidas, o processo mais importante que ocorre na Terra. Toda a vida no nosso Planeta depende desse processo. A glicose produzida, substância muito energética, torna-se disponível para outros seres vivos. Mesmo os animais carnívoros dependem da fotossíntese, pois comem outros animais que alimentam-se de vegetais. 
O oxigênio, liberado para a atmosfera, garante a respiração aeróbica dos próprios vegetais e animais. 

Grande parte dos recursos energéticos disponíveis no Planeta, como o petróleo e o carvão, derivados de seres vivos, foram armazenados em matéria orgânica produzida pela fotossíntese. 

Como fora dito anteriormente, os seres fotossintetizantes convertem moléculas simples, como o CO2, em moléculas orgânicas, com liberação de O2. Assim a fotossíntese promove o “seqüestro do carbono” da atmosfera, enquanto que, durante a respiração da maioria dos organismos, ocorre o consumo e oxigênio e liberação de gás carbônico. É justamente esse ciclo e equilíbrio de retirada e liberação de carbono na atmosfera que favoreceu e favorece a existência de um ambiente propício à vida no Planeta.

Atualmente a liberação de CO2 para a atmosfera está maior do que os seres fotossintetizantes podem consumir. A queima de combustíveis fósseis, onde havia carbono aprisionado, acaba liberando esse carbono para a atmosfera na forma de gás carbônico. Este aumento de CO2 afeta a vida de todos os seres vivos, inclusive o homem, pois promove o aumento da temperatura da Terra. 

Diminuir as emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa, juntamente com a conservação das nossas florestas, da nossa biodiversidade é uma das formas de suavizar os efeitos do aquecimento global, que tanto se fala atualmente. 

Nós, seres humanos, e todas as outras formas de vida, somos totalmente dependentes da fotossíntese, seja porque é um processo que nos fornece alimento e oxigênio seja porque ameniza a temperatura da Terra. O fato é que a sobrevivência de todos depende muito da continuidade desse processo em nosso Planeta.
Para a manutenção da vida, um constante fornecimento de energia é requerida. Uma diferença fundamental entre plantas e animais é a forma como é obtida a energia para a manutenção da vida. Os animais obtêm, nos alimentos, os compostos orgânicos, enquanto que a energia química é obtida através da respiração. Plantas verdes absorvem energia em forma de luz a partir do sol, convertendo-a em energia química no processo chamado Fotossíntese.
Assim dizemos que as plantas, de maneira geral, são autotróficas, ou seja se auto-alimentam, enquanto que os animais são heterotróficos.
A Fotossíntese está muito ligada a Respiração, ou seja pode-se dizer que a fotossíntese e a respiração são espelho uma da outra, e, de maneira geral, há um balanço entre estes dois processos na biosfera (= soma de organismos na Terra).
A intensidade luminosa, a temperatura, a concentração de CO2, o teor de nitrogênio da folha e a umidade do solo são fatores que afetam a atividade fotossintética dos vegetais (Marenco & Lopes, 2005). O processo de abertura e fechamento dos estômatos está relacionado principalmente com a intensidade de luz e o estado de hidratação da folha. Dessa forma, o funcionamento dos estômatos e a área foliar influenciam a produtividade do vegetal. O primeiro fator porque controla a absorção de CO2 e o segundo porque determina a interceptação de luz.
Segundo Larcher (2000), a capacidade fotossintética é uma característica intrínseca de cada espécie vegetal, sendo que as trocas gasosas mudam durante o ciclo do desenvolvimento do indivíduo e dependem do curso anual e até mesmo do curso diário das flutuações ambientais (luz, temperatura, nível de CO2, etc) em torno do vegetal.
Entre os diversos componentes do ambiente, a luz é primordial para o crescimento das plantas, não só por fornecer energia para a fotossíntese, mas também por fornecer sinais que regulam seu desenvolvimento por meio de receptores de luz sensíveis a diferentes intensidades, qualidade espectral e estado de polarização. Dessa forma, modificações nos níveis de luminosidade, aos quais uma espécie está adaptada, podem condicionar diferentes respostas fisiológicas em suas características bioquímicas, anatômicas e de crescimento (ATROCH, 2001).
O objetivo deste trabalho foi determinar os efeitos da falta de luminosidade e CO2 na fotossíntese em folíolos de feijão.

Material e métodos


O experimento foi realizado no Laboratório de Morfologia Vegetal do Campus 2 da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), São José dos Pinhais, PR. Utilizaram-se três folíolos de planta de feijão com dois meses de idade, aplicou-se pasta de vaselina sólida sobre as duas epidermes de um dos folíolos, em outro folíolo cobriu-se totalmente com papel alumínio e o outro como testemunha, colocou-se a planta na luz natural




Conclusão

Em suma chega-se a conclusão que a fotossíntese é basicamente um processo celular pelo qual a maioria dos seres autótrofos produz seu próprio alimento (substâncias orgânicas) a partir de elementos inorgânicos. A energia para a realização desse processo vem da luz, tendo como principal fonte o próprio Sol. A energia luminosa solar fica armazenada nas moléculas de glicídios, e passa a ser utilizada como reserva de nutrientes ou fonte de alimento para outros seres vivos.
Praticamente todo gás oxigênio presente em nossa atmosfera (20% aproximadamente) foi resultante do processo de fotossíntese; alguns cientistas chegam a afirmar que são necessários cerca de 2000 anos para se renovar toda essa quantidade de oxigênio presente na Terra.














Bibliografia

FERREIRA, Fabricio Alves. "Fotossíntese"; 
http://www.infoescola.com/biologia/fotossintese/
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Porto Alegre: 3ª edição, Artmed, 2004.
RAVEN, P.H.; EVERT, R.F.; EICHHORN, S. Biologia vegetal. Tradução de Jane Elizabeth Kraus. 6.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
ALMEIDA, R, O., Noção De Fotossíntese: Obstáculos Epistemológicos Na Construção Do Conceito Científico Atual E Implicações Para A Educação Em Ciência. Revista Candomba. 2005.

DELIZOICOV, D., ANGOTTI, J, A., Metodologia de Ensino de Ciências. São Paulo. 2000. 

Mandume, rei dos kwanhamas

Índice


 
















Introdução

Neste trabalho abordaremos sobre Mandume que foi escolarizado por missionários protestantes alemães, naquilo que na altura era o Sudoeste Africano Alemão, a Namíbia de hoje, território ao qual ficou integrado boa parte do reino cuanhama e da sua população. Chegou ao poder em 1911 e seu reinado durou até 1917, coincidindo portanto com o período em que o poder colonial português se concentrou na ocupação efectiva, pela força, do território de Angola, conforme exigido pelo Princípio da Ocupação Efectiva da Conferência de Berlim.




















Mandume, rei dos kwanhamas

No sul de Angola há um marco de resistência. Em Ohiole, Cunene, a terra abraça o corpo de um dos mais conhecidos e temíveis pesadelos das forças coloniais europeias. Mandume-ya-Ndemufayo foi o último rei dos Kwanhamas e um dos símbolos máximos da luta angolana contra a invasão estrangeira.
Ao contrário do que muitos pensam, os portugueses não ocuparam durante séculos e séculos o que hoje corresponde ao território angolano. Até ao século XIX, a colonização expandia-se, sobretudo, pelo litoral. O interior, imortalizado anos mais tarde como a “Angola profunda”, foi sendo conquistado pouco a pouco em guerras com os reinos locais, muitas vezes já entrado o século XX. A provar que a velha historiazinha foi mais propaganda colonialista que outra coisa, está a conhecida saga de Mandume, o grande rei Kwanhama.
No final do século XIX e princípio do século XX, os portugueses e alemães disputavam o sul de Angola. Aproveitando essa rivalidade, Mandume, rei dos Kwanhamas, conseguiu comprar armas aos alemães.
Temendo que os alemães ocupassem o território, os portugueses atacaram Njiva de surpresa, antes que a defesa estivesse totalmente preparada. Mandume teve de fugir. Começou então a percorrer o território Ambó, tentando unir todas as tribos para a luta.
Os Ambó, grandes guerrilheiros, muito bem organizados e comandados por um chefe corajoso, venceram os portugueses numa série de batalhas. Os portugueses tiveram de mandar vir reforços e conseguiram dividir os Kwanhamas. Com isso, conseguiram vencer as batalhas de Mongua e Mofilo. Preferindo a morte a não viver sobre o domínio colonial, Mandume suicidou-se em 1917. Mandume ainda hoje é querido e venerado pelo seu povo.
Estávamos em 1911 e o jovem que uma famosa foto (contestada por muitos historiadores) mostra como alto e maciço, assume os destinos do reino Kwanhama, o mais forte e poderoso dos reinos Ambós (sul de Angola e norte da Namíbia). Nascido em 1884, Mandume estava destinado a ser um herói trágico. Na primeira parte do seu reinado (1911 – 1915), dedicou-se a revolucionar as regras que regiam a vida do seu povo. Mudou a capital dos Kwanhamas da Embala Grande para Ondjiva, e emitiu decretos reais inovadores. Um deles, anotam vários historiadores, permitiu às mulheres ser proprietárias de gado.
O momento, no entanto, era tenso. Cobiçados tanto por portugueses como por alemães, os territórios na margem do Cunene eram barril de pólvora a ponto de explodir. Instados pelos apetites estrangeiros e alianças secretas entre invasores e povos da região, batalhas e mais batalhas punham o território a ferro e fogo. O advento da Primeira Guerra Mundial, que opôs Portugal à Alemanha, então colonizadora do chamado Sudoeste Africano (actual Namíbia), não ajudou em nada a um cenário já por si complicado.
Ciente que a “hora agá” se aproximava a galope, Mandume formou alianças entre os Kwanhamas e os restantes povos Ambós – Kuamatuis, Evale, Dombala e Kafima – numa luta contra um inimigo comum. De arma na mão, o chamado “Cavaleiro Incomparável” lançou-se numa luta de seis anos, impondo derrotas pesadas aos portugueses. Com o fim da Grande Guerra, Portugal lançou, entre 1915 e 1916, uma série de ofensivas que acabou por impor a sua ocupação dos territórios Ambós aquém Cunene. Para a História, ficou a tristemente célebre batalha de Môngua, a norte de Ondjiva, que impôs uma das derrotas mais pesadas às tropas de Mandume. Na região, são vários os lugares que ainda hoje lembram estas guerras, como a Fortaleza Roçada e o Monumento do Mufilo (Xangongo).
Com a guerra perdida, e abandonado por muitos dos seus anteriores aliados, a 6 de Fevereiro de 1917 Mandume morre na localidade de Ohiole, hoje município de Namacunde. As versões deste suspiro final variam, de acordo às conveniências. Sul-africanos e portugueses relataram, na época, que Mandume morreu em batalha, cravejado de balas; por seu lado, a tradição oral garante que, perante a derrota inevitável, Mandume preferiu suicidar-se a cair nas mãos dos inimigos. Já morto, o rei foi decapitado. A sua cabeça foi exibida em várias cidades da região. Ainda hoje autoridades namibianas exigem aos antigos colonizadores a restituição dos restos mortais de Mandume.
O mito perdurou até aos dias de hoje. Depois da Dipanda, a figura de Mandume foi recuperada como símbolo da resistência nacional, tanto de Angola como da Namíbia, que partilha connosco este personagem histórico.
Em 2002, reconhecendo o simbolismo do rei Kwanhama, abria portas o Complexo Memorial do Rei Mandume, no lugar onde o soberano perdeu a vida e foi enterrado (sem a cabeça!). A cerimónia foi presidida pelos presidentes angolano e namibiano. O lugar é simples, mas altamente representativo. Arcos verdes cruzam-se, protegendo o último leito do rei, que está rodeado de estacas de madeira, como numa embala da região. É lugar sagrado para os Kwanhamas, e ponto de visita obrigatório para quem quer conhecer melhor as histórias e lendas que formaram o nosso país.

No túmulo, uma citação de Mandume em forma de epitáfio diz muito do antigo rei: “Se os ingleses me procuram, estou aqui; e eles podem vir e montarm-me num ardi, não farei o primeiro disparo, mas eu não sou um cabrito nas mulolas, sou um homem (…) e lutarei até gastar a minha última bala”. E assim foi.

Mandume Ya Ndemufayo (1894 — Sul de Angola, 6 de Fevereiro de 1917) foi o último rei dos Cuanhamas, um povo pertencente ao grupo etnolonguístico dos ovambo (ou ambó) do sul de Angola e norte da Namíbia.
Mandume opôs aos portugueses uma resistência tenaz, enfrentando ao mesmo tempo o avanço dos ocupantes alemães que vinham do sul. Face à superioridade militar dos europeus, acabou vencido. Segundo a tradição oral angolana, Mandume, ao notar que já não tinha outra saída, preferiu suicidar-se ao ter que se render. O relato oficial Sul-africano afirma no entanto que Mandume foi morto a tiros por um destacamento das forças sul-africanas
Em 2002 foi inaugurado o Complexo Memorial do Rei Mandume no local onde o rei perdeu a vida e onde se encontra sepultado. Em 2009, a universidade pública constituída no Lubango, a partir de faculdades anteriormente pertencentes à Universidade Agostinho Neto, recebeu o nome "Universidade Mandume ya Ndemufayo".

Em Agosto de 1915, Mandume perde a batalha da Môngua e abandona Ondjiva, sede do reino. Incitado pelos ingleses, foge para Oihole na fronteira com a Namíbia, presta vassalagem à majestade britânica e constrói nova embala sob domínio inglês, já que só mais tarde Namacunde integrou território português.

Mandume desenvolve actividades nos domínios ocupados pelos portugueses; incitando as suas tropas à revolta. Um ano depois dirige fortes combates no Kwanhama, tentando reconquistar o reino perdido. As autoridades portuguesas pedem aos ingleses que ponham fim às actividades de Mandume.

A 30 de Outubro de 1946, aniquila as forcas portuguesas comandada pelo tenente general Raul de Andrade, e recusa-se a ir a Windhock, Namíbia conferenciar com os ingleses a quem teria dito "que venham ao Oihole se quiserem" e deixou um aviso: "se os ingleses me querem, podem vir apanhar-me. Não dispararei o primeiro tiro, mas não sou um touro do mato. Sou homem, não uma mulher, combaterei até ao último cartucho".

Mandume travou violentos combates entre as localidades de Namacunde e Oihole, mas os ingleses contornam a operação. Kalola, um subordinado, vigiava o norte. Uma força portuguesa entrou em acção. Pelo sul, em Ondangua os ingleses lutavam com pequenas forças de Mandume. O soba do Kwanhama, com 600 homens da sua guarda pessoal; enfrenta o último combate.

Cabeça do rei


Até ao momento desconhecer se o destino da cabeça do rei. Os portugueses dizem que encontraram o corpo decapitado. Hoje a embala do Oihole é um lugar histórico e condigno ao homem que foi senhor de um grande reino e que combateu com valentia contra o general português Pereira D 'Eça. Visitar o Oihole é conhecer a história do país, as inúmeras vicissitudes que o povo ambó viveu durante, as guerras de ocupação colonial, a resistência e determinação dos chefes tradicionais.
Em Oihole está presente o memorial do Rei Mandume Ya Ndemufayo, uma das figuras incontornáveis quando o assunto é a luta de resistência à ocupação colonial no território do Cunene. O monumento foi construído para homenagear a figurado soberano, o povo ambó e os anónimos que ofereceram uma grande resistência à ocupação colonial na região. Situado a 45 quilómetros da cidade de Ondjiva o memorial foi erguido na localidade onde o rei perdeu a batalha frente aos ingleses e portugueses.
Actualmente o complexo carece de, obras de melhoramento. Os trabalhos de reabilitação tão paralisados há um ano.
Segundo o director provincial da Cultura, Celestino Vicente, a paralisação das obras deveu-se a problemas financeiros. "O complexo do Oihole estava a receber algumas obras de melhoramento e ampliação, mas foram interrompidas e neste momento o Governo Provincial está a fazer tudo para recomeçar os trabalhos", salientou Celestino Vicente. A reabilitação prevê arranjos profundos na campa de Mandume o aumento da área residencial com mais quartos, à construção de uma biblioteca, um museu e uma piscina.








Congo: decadência do poder central, conflitos internos e afirmação dos poderes regionais

Efeitos Da Intervenção Portuguesa
O aparecimento de comerciantes, missionários e capitães portugueses no Congo, trouxe consequências várias, algumas das quais de graves efeitos imediatos.
Assim, ao estabelecerem-se as primeiras trocas entre os dois estados, as mesmas não resultaram vantajosas para ambos. Pelo contrário, enquanto o Congo recebia bens de prestígio, destinados apenas a um grupo restrito de congueses, os portugueses obtinham metais (cobre e ferro) ou escravos, cujo trabalho se destinava a produzir riqueza em S.Tomé e mais tarde no Brasil, em proveito dos colonos aí fixados.
Por outro lado, o estabelecimento e incremento do tráfico de escravos afectou não só a população do Congo, como as dos restantes tributários, que frequentes vezes eram assaltados por grupos armados que capturavam homens e mulheres jovens.
O resultado das actividades comerciais dos portugueses foi fazer surgir uma competição entre os chefes políticos do Congo e do novo estado do Ndongo, formado em meados do século XVI, como veremos mais adiante. Essa competição foi resultado da introdução pelos portugueses das regras mercantilistas, como a concorrência brutal e a procura do lucro por todos os meios.
Ao nível político, o poder real deteriorou-se devido ao controlo do comércio de longa distância e consequente autonomia por parte de alguns manis, especialmente o do Soyo. Quando em 1545 começou a governar Nkumbi Nzinga (D. Diogo 1) iniciou-se o período das contradições flagrantes entre congueses e portugueses.
O novo soberano mostrava que tolerava o Cristianismo, na medida em que este os projectos políticos, as suas ambições económicas, utilizando-o como
poder e não como meio de transformar estruturas sociais ou mentalidades.
Cristianismo na medida das vantagens obtidas junto portugueses.
Em 1549, a sua posição de reserva para com estes, levou os juristas a aconselharem as autoridades portuguesas a substituição do rei, obstáculo a todo o progresso de evangelização. Os problemas de sucessão do trono foram, pois, agudizados por interferências estrangeiras. Assim, por ocasião da eleição de um novo rei, os comerciantes e os padres intervinham frequentemente reforçando o partido do pretendente que maiores garantias lhes  ofereciam no futuro.
As relações entre as autoridades conguesa e portuguesa foram-se deteriorando, ao ponto de em 1555 o rei ter expulso quase todos os europeus do Congo. Com efeito, eles conspiravam já para a substituição do rei por outro que lhe fosse mais favorável e lhes permitisse todos os abusos.
Desde cedo, as relações entre o poder político do Congo e os missionários europeus se degradaram; quando o rei Nzinga Nkuwu se baptizou, os elementos hostis ao governo central simplesmente tradicionalista, criticaram-no pelo abandono dos costumes do país.
Em consequência disso, previram calamidades e desordens, vingança dos antepassados traídos. Os padres tinham provocado a destruição pelo fogo de objectos preciosos e dos casos de feitiço. O próprio rei, pouco a antes de ser baptizado, renunciou.
Para tal, deve ter contribuído ainda a posição dos missionários face à poligamia. Ora, o equilíbrio do reino dependia em grande parte de relações matrimoniais contraídas entre as grandes famílias de aristocratas.
No reinado de Afonso I desenvolveu-se a influência do Cristianismo ao nível da corte e através do ensino ministrado a jovens da aristocracia conguesa. Foram edífícadas várias igrejas.
Se o reino deste monarca foi o mais favorável à propagação do Cristianismo, convém ter a noção das proporções que atingiu a conversão: a acção dos missionários limitava-se a ministrar o baptismo, a pregar e a ouvir as confissões com a ajuda de intérpretes.
A difusão do Cristianismo dá-se entre alguns elementos do povo, da aristocracia e da família real, mas não chegou a ter repercussão na transformação de hábitos sociais desta  classe e muito menos no povo.
Na realidade, deve ter existido a convicção de que o baptismo e a prática do culto católico reforçariam o bem-estar e o poder contra as forças ad versá rias .

Além disso, os monarcas congueses fizeram a sua utilização política, visto que as relações com os portugueses passavam obrigatoriamente pela aceitação formal da religião católica pelos reis e pela liberdade de actuação dos missionários. Estes provocaram conflitos com a grande massa do povo que continuava a venerar os antepassados e a praticar os cultos tradicionais animistas. Quando foram impostas medidas para impedir esta prática,
assim como a poligamia, houve fortes reacções populares.


Os Yakas Suas origens e sua concepção de arte e religião


Os Yakas, pertencentes à nação Bakongo, distribuem-se ao longo da margem esquerda do rio Kuango, ocupando uma área dividida entre o território da atual República Democrática do Congo e a República de Angola. 
O nome Yaka, significando "o que apanha as balas e desvia as setas”, é o singular de Bayaka ou Mayaka, termos aportuguesados frequentemente para os plurais híbridos Baiacas ou Maiacas. 
Tudo indica que teriam se fixado às margens do Kuango na primeira metade do século XVII, originários, uns do Reino do Congo, descendendo de dissidentes de São Salvador após a ocupação portuguesa. Outros do Reino do Muata - Ianvo da Lunda.
Além dos famosos Imbangala ou Bângalas, frequentemente referidos na historiografia como Jagas, originários da Lunda, segundo alguns registros orais.
Conservaram a língua dos seus antepassados congueses, por isso estão incluídos no grupo Bakongo. Mantiveram e aperfeiçoaram o estilo dos Lundas, usado na estatuária e na confecção de máscaras, destinadas à celebração dos cultos religiosos. No mais apresentam muitos pontos em comum com os Lunda-Tchokwes.
Na confecção das estátuas e das máscaras Yaka, a criatividade do autor e o seu sentido estético é relevante. É o caso do Soosi, em que existe uma preocupação artística nas pinturas das penas de galinha que ornamentam as máscaras.
A confecção destes objetos pressupõe sempre uma ligação simbólica aos espíritos sagrados e ao poder mágico-religiosa com os antepassados.
Na tradição banta, arte e religião tendem a ser indissociáveis e esta premissa vale não só para as artes plásticas, mas também para a literatura (sempre de tradição oral), para a música, para a dança e, em geral, para todas as manifestações culturais tidas no ocidente por artísticas.

A invasão jaca «Yaka-Bayaka »

Desde a morte de Afonso I, o poder degradou-se devido às questões internas de sucessão. Por outro lado, os povos vizinhos do reino do Congo, tocados indirectamente pelo tráfico, desejavam tomar-se beneficiários directos desse mesmo tráfico.
No interior do reino, contudo, as trocas foram dificultadas e o sossego da sua população foi perturbado devido ao avanço violento de guerreiros até à capital.
Não se conhecendo exactamente a sua origem, põe-se a hipótese de serem originários da região do Catanga, de onde haviam imigrado por efeito da conquista da região pelos Lubas. Por volta de 1560, os Jacas penetram no Congo pela província de Mbata e atingiram rapidamente Mbanza Congo. Quando o rei tomou conhecimento, deixou a cidade e refugiou-se na ilha dos Cavalos no rio Zaire, com os principais do reino e o dero português que residia em Mbanza Congo. Dominando a situação, os Jacas massacraram um grande número de congueses, enquanto outros conseguiam refugiar-se nas montanhas.
A maioria dos que se refugiaram na ilha do Zaire morre de fome e de peste, alguns venderam os seus familiares a comerciantes de S.Tomé, que os exportaram. Muitos eram membros da família real.
O auxílio solicitado a Portugal em 1568, foi atendido com o envio de soldados bem treinados na guerra e outros aventureiros. Durante um ano e meio, foram desencadeadas acções contra os Jacas, até os seus grupos armados abandonarem o reino do Congo. Uns atravessaram o rio Cuango, outros dispersaram pelas regiões limítrofes dos reinos.
O rei D. Álvaro I, que subiu ao trono em 1568, encontrou um reino arruinado pela guerra e pilhado pelos comerciantes. Com o auxílio da força militar portuguesa, os Jacas tinham sido expulsos. Porém, na nova situação criada, o monarca conduziu uma política hesitante, concedendo facilidades aos traficantes que actuavam dentro das fronteiras do reino.
Assim, a invasão dos jacas veio reforçar a posição dos portugueses no Congo, contudo, a fuga de muitos comerciantes para a ilha de Luanda, na altura da invasão, criou novas condições para estes alargarem o seu campo de acção comercial e militar.
Em 1571, os portugueses tinham começado a desenvolver um novo plano de exploração comercial e de implantação militar a sul do reino do Congo. A partir de Luanda, esperavam obter, em maiores quantidades, o produto que mais lhes interessava: os escravos.





Conclusão

Em suma mandume foi um rei muito respeitado em todo mundo e decadência do reino explica-se por múltiplas causas: o escravismo, as lutas entre chefes, a guerra a que se entregaram a sul do reino os Portugueses e os Holandeses e sobretudo, desde 1648, o deslocamento do comércio internacional que se fixou em São Paulo de Luanda cujo porto oferecia aos navegadores excelente abrigo.
As motivações dessa decadência não impediram que, sob o impulso de Afonso, o Congo tivesse aberto suas fronteiras à cultura e à religião vindas da Europa, estabelecendo relações diplomáticas diretas com Portugal, Brasil, Países Baixos e Santa Sé aonde aquele monarca enviou, de 1504 a 1539, três embaixadas, provando, assim, a possibilidade de um Estado negro desempenhar um papel importante colaborando fraternalmente com o Ocidente.
Erros de governantes portugueses, lamentavelmente abalaram essa harmonia.
D. Afonso I faleceu entre 1540 e 1541. A sucessão assumiu logo aspectos de luta dinástica. Por fim, seu neto D. Diogo conseguiu ser reconhecido por todos. Desprovido da forte personalidade do seu avô, inclinava-se para a sua atávica educação. Não lhe agradava plenamente a civilização europeia. Não renunciou a esta, por nela haver passado grande parte da sua vida.














Bibliografia

Bengui Pedro – historia 10 classe. 2º ciclo do ensino secundário – reforma educativa.
Georges Balandier, La vie quotidienne au royaume de Kongo du XVIe au XVIIIe siècles, Paris: Hachette, 1965
António Custódio Gonçalves, A história revisitada do Kongo e de Angola, Lisboa: Estampa, 2005
Anne Hilton: The Kingdom of Kongo, Oxford: Oxford University Press, 1985, ISBN 0198227191
John K. Thornton: The Kingdom of Kongo: Civil War and Transition, 1641-1718, Madison: University of Wisconsin Press, 1983, ISBN 0299092909
John K. Thornton: The Kongolese Saint Anthony: Dona Beatriz Kimpa Vita and the Antonian Movement, 1684-1706, Cambridge: University of Cambridge Press, 1998,ISBN 0521596491
John K. Thornton: The origins and early history of the Kingdom of Kongo, c.1350-1550, International Journal of African Historical Studies 34: 89-120, 2001